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Logística Sustentável

Consultoria estratégica em gestão

Logística Sustentável

Ao longo dos tempos, o conceito de desenvolvimento foi sendo construído e modificado, dependendo, principalmente, da evolução da consciência social dos povos.

Assim, até o séc. XIX tratava-se de “Crescimento econômico” como sendo a geração e acumulação da riqueza, seja pelas pessoas como pelas nações.

A partir daí entra em voga a ideia de “Desenvolvimento econômico”, ou seja, a geração e distribuição dessa mesma riqueza.

Hoje esses conceitos evoluíram para o de “Desenvolvimento sustentável”, que preconiza a conciliação do desenvolvimento econômico com o desenvolvimento socioambiental.

Mas, o que é essa tal “sustentabilidade”? Segundo o Relatório Brundtland (ONU, 1987), “…é o desenvolvimento que atenda às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.

Já segundo Lynn Kahle e Eda Gurel-Atay, “Sustentabilidade pode ser definida como a prática de manter processos de produtividade indefinidamente – naturais ou feitos pelo homem – substituindo recursos usados por recursos de igual ou maior valor, sem degradar ou ameaçar os sistemas bióticos naturais”.

Ou seja, é não impedir que as gerações futuras tenham a possibilidade de usufruir de um planeta igual ou melhor do que este em que vivemos. E é um assunto que tem sido pauta onipresente hoje em dia.

Para balizar essa discussão, alguns fatores devem ser considerados:

  • O ritmo do crescimento populacional;
  • A disponibilidade de recursos naturais;
  • Os hábitos de consumo, a descartabilidade e a política de gestão de resíduos;
  • A concentração populacional urbana;
  • O aumento da poluição do ar, do solo e da água;
  • A distribuição e disponibilidade da água (menos de 3% da água do planeta é doce; menos de 1% dela é própria para consumo);
  • As mudanças ambientais.

Pegada Ecológica

Uma forma de compor e comparar o impacto de diferentes operações, produtos ou serviços, em relação a esses fatores sobre o meio ambiente é o que se convencionou clamar de “Pegada Ecológica” (ou “Pegada Ambiental”).

Pegada Ecológica é a medida do impacto ambiental gerado por um produto ou serviço ao longo de seu ciclo de vida.

Com o fim de reduzir o impacto de produtos e serviços (Pegada Ecológica Direta) e levando em conta as atividades da cadeia de fornecimento (Pegada Ecológica Indireta), calcula-se a Pegada Ecológica.

O cálculo é baseado na metodologia de análise do ciclo de vida do produto e segue as etapas determinadas nas normas internacionais da série ISO 14040 (Gestão Ambiental). A metodologia quantifica as diferentes sub pegadas, tais como a Pegada Hídrica, a Pegada de Mudança Climática, a Pegada Atmosférica, a Pegada de Ruído, a Pegada de Resíduos, a Pegada de Biodiversidade e a Pegada de Solo.

A Pegada Ecológica permite analisar o desempenho ambiental de uma empresa e sua evolução no tempo, inclusive em comparação ao de outras empresas, de forma a planejar as ações necessárias para reduzir o impacto ambiental e melhorar a gestão ambiental da organização.

Como o intuito de conscientizar as pessoas para a importância e dimensão do assunto, existem disponíveis algumas calculadoras de Pegada Ecológica que, a exemplo com o que ocorre com as empresas, permitem a comparação do impacto ambiental de diferentes estilos de vida. Se tiver curiosidade, teste esta: www.pegadaecologica.org.br.

Aplicação à Logística

É evidente que a atividade logística impacta (e é impactada por) muitos dos fatores acima elencados, na medida em que atende às necessidades da massa populacional como um todo.

Assim, para falar apenas do transporte, pode-se listar a queima de combustível, o uso de graxas e lubrificantes, de pneus e de água para limpeza e lavagem, como fatores que o elevam à condição de grande consumidor de recursos naturais e efetivo poluidor do meio ambiente. A operação logística tem, portanto, uma “Pegada Ecológica” desfavorável.

Nesse sentido é que se entende a necessidade de uma nova visão da operação logística, de forma a adequá-la às necessidades da sociedade contemporânea, preocupada, justamente, com a sustentabilidade. Surge, assim, o conceito de Logística Sustentável (ou Logística Verde).

A Logística Sustentável ocupa-se de compreender e minimizar os impactos gerados pelas atividades logísticas, sejam eles econômicos, ecológicos ou sociais, tais como:

  • Econômicos: congestionamentos; desperdícios de recursos.
  • Ecológicos: emissão de gases de efeito estufa (corresponsáveis pelas mudanças climáticas); uso de combustível fóssil não renovável; efeitos dos resíduos de insumos como pneus e óleo; destruição de ecossistemas e de espécies em extinção.
  • Sociais: impacto negativo na saúde pública causado pela poluição; destruição de culturas; lesões e mortes resultantes de acidentes no trânsito; barulho; intrusão visual; congestionamentos impedindo deslocamentos; perda de zonas verdes e espaços abertos; deterioração de edifícios e de infraestrutura.

Para mitigar esses impactos, alguns elementos de mudança são propostos:

  • Embalagem: mínimo uso possível de material para a embalagem (diminuição de tamanho e peso), ou pelo uso de materiais biodegradáveis;
  • Carga e Descarga: redução do desperdício de materiais, por meio da diminuição da operação com máquinas obsoletas, investindo em máquinas modernas que permitam uma operação mais limpa e precisa;
  • Armazenamento: infraestrutura de armazenamento que permita que os produtos se movimentem e sejam transportados mais facilmente, além de economizar recursos naturais e energéticos (telhados verdes, que reduzem o escoamento das águas pluviais e ajudam no isolamento térmico do prédio; janelas e claraboias podem ser estrategicamente posicionadas para fornecer luz natural; diminuir os custos de aquecimento durante o inverno e de refrigeração, diminuindo o consumo de energia elétrica;
  • Transporte: implantação de equipamentos de transporte alternativos que diminuam as emissões e o consumo de energia; utilização de rotas com menor custo; manutenção correta nos meios de transporte, além da padronização dos equipamentos, o que diminui a necessidade de grande quantidade de peças de reposição e espaço para armazená-las;
  • Distribuição Urbana: considera dois canais de distribuição: o primeiro consiste do processo de envio do produto até seu ponto de distribuição e o segundo corresponde ao processo referente aos resíduos gerados. O consumo de combustível e a emissões de gases poluentes são grandes fatores a serem melhorados;
  • Gestão da Informação: ter o controle total da informação para evitar o desperdício de material e de energia, além de tornar os processos mais eficientes, pois economiza tempo e espaço. Com isso, pode-se saber se os processos estão sendo executados corretamente, nos padrões exigidos;
  • Uso intensivo de recursos e reciclagem: a fim de que os resíduos gerados durante o processo sejam devolvidos ao início de sua cadeia, para serem reutilizados, reciclados ou descartados corretamente.

Custos e Benefícios

Está claro que todas essas alterações impõem um trade off em relação aos custos. Mas, assim como o que ocorre com o ESG, a única escolha a fazer é em que momento iniciar as modificações nas operações, uma vez que o movimento nesse sentido é inexorável.

Para convencer quem ainda não atentou para a importância de implementar, ou mesmo dar andamento a providências de preservação do meio ambiente e de recuperação dos impactos de sua operação, vale agregar certas informações, sob os seguintes pontos de vista:

  • Custos: programas desse tipo, se num primeiro momento representam aumento de custos, a médio prazo tendem a, pela redução de consumo de materiais, espaço e energia, gerar economias relevantes;
  • Econômico: empresas sustentáveis têm resultados financeiros mais relevantes. A B3 reúne esse tipo de empresa sob a rubrica do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial). De 2005, quando foi criado, até novembro de 2020, o ISE B3 teve rentabilidade de 294,73% contra 245,06% do Ibovespa. Teve também menor volatilidade: 25,62% (o Ibovespa teve 28,10%).
  • Tecnológico: permite o uso mais racional e eficiente dos recursos, assim como cria um ambiente de maior busca por avanços tecnológicos;
  • Legal e regulatório: antecipação a ondas regulatórias futuras;
  • Social: trata-se não só de marketing positivo como afasta a hostilidade social e a redireciona para as empresas (inclusive concorrentes) que ainda não promoveram mudanças. Além disso, proporciona um ambiente de trabalho mais limpo e seguro.

Entendemos que, tudo considerado, não há mais desculpa para não iniciar um programa de sustentabilidade na sua organização.

Mauricio Prieto é sócio-diretor da Synerhgon.

Este artigo foi originalmente publicado no site Modais em Foco.