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O Mundo BANI

Consultoria estratégica em gestão

O Mundo BANI

Há pouco mais de um ano, neste mesmo espaço, descrevemos o conceito de VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, em inglês).

Naquele momento, era o que se entendia ser uma boa abordagem para explicar o período iniciado nos anos 90 em que, entre outras coisas, o passado já não era capaz de explicar o futuro.

O que não sabíamos então é que um outro conceito havia recentemente sido proposto em substituição àquele: o mundo BANI.

Encarando a Era do Caos

Já em abril de 2020, o antropólogo, historiador e membro do Institute for the Future, Jamais Cascio, publicava o artigo Facing the Age of Chaos onde defende que o conceito VUCA “é claro, evocativo e cada vez mais obsoleto”.

Cascio observa que as ferramentas desenvolvidas com base nesse conceito para gerenciar o nível de mudança relacionado com cenários futuros, modelos e simulações, transparência, etc. só nos permitem trabalhar dentro de um ambiente VUCA.

Nesses termos, nos é permitido entender parâmetros do que pode acontecer em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, porém não nos oferece resposta para o que vai acontecer.

Nos tempos que correm, essa estrutura já não é mais conveniente, uma vez que as características que descrevem o modelo VUCA não alcançam relevância para explicar o mundo atual.

Mas é certo que tanto o conceito VUCA como o BANI têm em comum o motivo da necessidade de suas proposições: a aceleração cada vez mais intensa dos processos digitais. E a consequente necessidade de entender de que forma isso transforma nossas vidas e negócios, para possibilitar uma visão mais clara de “para onde vai esse mundo”.

Da mesma forma que ocorre com VUCA, BANI é um acrônimo para Brittleness, Anxiety, Nonlinearity e Incomprehensibility (Fragilidade, Ansiedade, Não linearidade e Incompreensibilidade).

O que mudou

Assim, o que antes era considerado volátil agora se vê frágil: as situações não apenas de alteram rapidamente, mas, até por necessidade, se rompem facilmente. Não à toa, uma palavra muito usada hoje é “disrupção”.

O incerto passa a ser ansioso: as dificuldades para entender relações de causa e efeito tomam uma proporção exponencial, nos deixando à deriva, ansiosos e, não raro, com medo.

Processos já antes complexos agora se tornam não lineares, ou seja, fica muito difícil mapear e entender que operações e tarefas estão realmente interligadas.

 E o que era ambíguo, para o que não tínhamos certeza sobre sua natureza, agora é incompreensível, impossibilitando qualquer aposta nesse sentido.

Ora, mas se as coisas estão dessa forma, que sentido há em descrevê-las, se não podemos ao menos compreendê-las?

Simples: se não temos a capacidade imediata de alterar tal situação, ao menos é possível identificar quais são as atitudes e qualidades que devemos desenvolver para melhor enfrentá-la e lidar com ela.

Adequação à nova situação

Dessa forma, a fragilidade pode ser minimizada se abordada com o prévio desenvolvimento da resiliência, da paciência e da firmeza de propósitos, face às inevitáveis rupturas.

A ansiedade exige que nos preparemos exercitando o foco e a visão clara do ambiente (de nossa parte) e a empatia (com relação aos demais ansiosos).

Já a não linearidade pode ser melhor encarada se formos ágeis em identificar contextos, mesmo que efêmeros, e em nos adaptarmos a eles.

Do mesmo modo com a incompreensibilidade: é desejável que se apure as capacidades de intuir e de comunicar-se com transparência.

Nossas certezas quanto a qualquer assunto, especialmente aqueles que anteriormente nos davam um “norte” – exemplo clássico é o planejamento estratégico –  tendem a ser, mais e mais, etéreas e sem sentido, uma vez que antigos modelos já não alcançam a atual realidade.

O desenvolvimento de habilidades mais adequadas às condições que hoje se apresentam (e que amanhã serão outras) depende da evolução desses conceitos que reúnem e identificam características típicas de cada momento.

É isso que nos preparará para o futuro – que, a esta altura, já é presente.

Mauricio Prieto é sócio-diretor da Synerhgon

Este artigo foi originalmente publicado no site Modais em Foco